Entre todas as avenida de São Paulo, nenhuma outra está mais no coração do paulistano do que aAvenida Paulista. Ela nos impressiona com seus arranha-céus imponentes, as antenas de emissoras de televisão, com o MASP, como ponto de partida de manifestações políticas das mais variadas ideologias, comemorações esportivas e também por ser palco para uma das mais importantes paradas LGBT do mundo.
Mais recentemente a avenida Paulista passou a ser também um dos principais locais de diversão e lazer dos paulistanos, com a nova ciclovia e o fechamento uma vez por mês da via, liberando-a apenas para pedestres e ciclistas.
Aberta em dezembro de 1891, a Paulista era completamente diferente no início do século 20. Ela era completamente tomada não por edifícios, mas por belos casarões e palacetes onde viviam industriais, políticos e alguns cafeicultores paulistas.
Este cenário aristocrático e elegante permaneceu, sem muitas alterações, até meados da década de 50 quando começaram a surgir alguns edifícios rasgando o céu da avenida. Um dos primeiros a surgir foi oEdifício Dumont-Adams, projetado por Plínio Adams e que pertenceu a sua família até ser comprado pela Vivo, para um projeto conjunto com o Masp que até hoje não foi concluído.
A partir daí foi um “boom” imobiliário na Paulista, que trouxe cada vez mais arranha-céus e levou ao escombros inúmeros casarões e palacetes, em uma época em que tombamento era muito raro.
Tudo ficaria ainda pior no início da década de 1980, quando uma boa intenção, porém muito atrapalhada, do governo estadual colocou abaixo inúmeros casarões que ainda resistiam.
Isto partiu do arquiteto Ruy Ohtake, então presidente do Condephaat, que confirmou publicamente que estava em andamento um projeto para tombar os 31 casarões que ainda resistiam na avenida Paulista. Vários proprietários se juntaram e começaram a demolir suas propriedades, antes que fossem protegidas pelo tombamento. O gesto triste, porém não ilegal, deferido pelos donos dos imóveis levou a mudanças na lei de tombamento.
Mais recentemente com a demolição de mais alguns imóveis a Paulista ficou ainda mais órfã dos belos casarões que existiam na via. Hoje existem apenas quatro remanescentes, entre eles o Palacete Franco de Mello.
Mas como eram estes tão falados casarões da avenida Paulista, que até hoje enchem os olhos de saudade daqueles que os viram ainda em pé e deixam curiosos aqueles que nunca os viram? Fizemos uma primeira seleção com 10 destas mansões para você conhecer:
1 – Residência de João Baptista Scurachio – 1920, arquiteto desconhecido
2 – Residência de Mário Dias de Castro – 1923, Escritório Técnico Ramos de Azevedo
3 – Casa das Rosas, residência de Ernesto Dias de Castro – 1930, Escritório Técnico Ramos de Azevedo
4 – Residência de Maria Augusta Borges Figueiredo – 1915, Escritório Técnico Ramos de Azevedo
5 – Residência Tomaselli – 1904, engenheiro Eduardo Loschi e 1916 reforma e ampliação (foto abaixo) por Victor Dubugras
6 – Residência de Numa de Oliveira – 1920, projeto do arquiteto Ricardo Severo
7 – Residência de Horácio Espíndola – 1925, projeto do Escritório Técnico Ramos de Azevedo
8 – Palacete do Conde Alexandre Siciliano – 1896, projeto do Escritório Técnico Ramos de Azevedo
9 – Residência de Nagib Salem – 1920, projeto da empresa Malta & Guedes
10 – Residência de Von Büllow – 1895, projeto de Augusto Fried
É de se imaginar como seria a Avenida Paulista hoje se estes casarões que ali existiam não tivessem sido demolidos. Qual avenida teria recebido os arranha-céus que hoje estão na Paulista? Lembrando que Faria Lima, Berrini não existiam como conhecemos hoje.
Caso estes mesmos palacetes estivesse por lá preservados, é bem possível que a Paulista hoje fosse uma via residencial de alto padrão, uma espécie de cartão postal do início do século 20, lembrando bem o bairro do Prado, em Montevidéu.
Você viu alguns dos casarões serem demolidos? Lembra de uma Avenida Paulista diferente? Deixe seu comentário a seguir.
Este artigo foi originalmente publicado em agosto deste ano por Douglas Nascimento na página São Paulo Antiga com o título “10 Casarões da Avenida Paulista para matar saudades“.